sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A cidade, a rua, as pessoas, o "por dentro de mim", e o que me rodeia, e o que me transcende, e...

Enfim, que cada um de nós, neste 2010, se sinta efectivamente e cada vez mais "cidadão do mundo", viajando/integando este conceito desde o "micro" (eu e a minha circunstância) até ao "macro" (o "tudo" e o "nada" que cada um de nós é neste universo sem fim...) e implicando-se - com esta consciência, a expandir e a enraizar nos nossos quotidianos - em todas (bom! pelo menos em algumas...) as acções/posturas/colaborações que possam resultar em fazer os dias melhores...

Deixo-vos com Ary...


Mais por aqui...

A cidade é um chão de palavras pisadas

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

José Carlos Ary dos Santos


Epígrafe

De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.

De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
expressão da multidão que está comigo.

José Carlos Ary dos Santos

1 comentário:

GatosMania disse...

Boa escolha !

FEIZ ANO 2010!

Beijos
Rita