Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós nascemos para ter asas. José Fanha
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Mas afinal... ler "serve" para quê?
Ler: gostar ou não gostar de ler...
Ler: tem a ver com...
Ler: é fundamental, imprescindível porque...
Ler: deve promover-se a leitura...
E que tal juntar ao panorama, sem dúvida sempre urgente e necessário, de identificar, perseguir e concretizar renovadas formas de incentivar a leitura, uma história como esta?
Para mim foi inspiradora.
Convido-vos a experimentar (mais) esta leitura! :)
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
"Vieste...
... pôr-me o dia a sorrir!"
Ofereceram-me hoje esta frase. Levantei voo nas palavras, deixei-me abrir as asas e planar, e agora que aterrei, preciso de escrever...
Pela palavra podemos ter a experiência viva do que é trocar emoções, tocar sem fazer falta tocar, envolver o outro num abraço sem aperto de braços, contudo poderoso e libertador, o outro connosco e nós com ele, experimentamos o que é comunhão e, inevitavelmente, ganhámos, nesses segundos em que a frase se soltou, mais uma pedra mágica para juntar aos tesouros que ao longo da vida coleccionamos, sobre esta misteriosa condição que nos assiste, a de não poder ser sem trocar o que somos com o outro.
Ainda bem!
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Era uma vez... e já foi!
Um encontro.
De olhares...
De risos...
De palavras...
De sons... e de gestos... e de expressões... e de brincares...
De "gente crescida" e de "gente miúda", com a Poesia de permeio.
Era uma vez... um encontro que foi.
Um dia.
Numa escola.
Na Enxara do Bispo.
Porque ler, brincar com as palavras e ficar juntos a dizê-las e a ouvi-las, a dizê-las e a repeti-las, a dizê-las, juntos pelo ritmo e pela cor que elas nos devolvem, não tem idade, é próprio de quem procura saber de si, de quem viaja pela vida com a vida às voltas "cá dentro", é próprio de ser pessoa.
Qualquer dia volto lá, ficou prometido! :)
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Hoje tive uma prenda: na verdade foi...
... um convite especial: obrigada, Pedro!
Hoje estive a ouvir contar histórias da tradição oral portuguesa. Aqui, na Biblioteca Escolar A Casa do Folhas.
Ouvir contar é sempre um privilégio. É participar de um tempo e um espaço de intemporalidade que vão ficando palpáveis, consistentes e animados de vida à medida que o contar acontece. É sentir a tradição viva e desafiadora, nas nossas vidas do "aqui" e do "agora". É perceber que as histórias nos falam e nos interpelam porque são contadas e quando as ouvimos, ah! como passam a fazer parte da nossa respiração, das nossas emoções e dos nossos afectos... somos "tocados".
É especial aquele tempinho de expectativa, em que se olha para aquela pessoa que esconde em si tesouros inesgotáveis, que será que vai contar? e que está, ali, simplesmente sentada à nossa frente, esperando que entrem todos os meninos e as meninas, que se acomodem... esperando pelo tempo certo para a história começar a acontecer para todos nós que ali estamos.
E depois já está, o som da voz já se abriu para nós, as palavras dançam, vivas, ocupando todo o ambiente, saídas da boca do contador, e também do olhar e dos braços e dos gestos e da voz, de novo e sempre a voz que nos preenche o ouvido e que constrói para nós um aconchego de enredos e de recontos da vida... e de repente no meio de nós vive a raposa faminta com os três filhotes para alimentar, e o canto do pequeno rouxinol, feito assobio, a voz transformou-se em assobio e, suave e transparente, ecoa por toda a biblioteca, é mesmo um passarito a cantar, mesmo que eu nunca tenha ouvido nenhum com ouvidos de ouvir...
E como é gostoso e poderoso o riso de todos nós, que se solta porque o homem quer que o burro carregado de cestos de sardinhas ande, e não percebe que de facto o burro, de início renitente em lhe obedecer, trota agora cada vez com mais vivacidade porque a raposa matreira vai lançando as sardinhas, às patadas, uma a uma, para fora do cesto: o burro, sentindo-se mais leve, avança no caminho, para gosto do dono, enquanto que as sardinhas vão sendo atiradas para trás, deixando o cesto vazio...
E o contador continua, e estamos todos irremediavelmente agarrados, desde os meninos de 3 anos até eu, de 53... Todos mergulhados na magia da história contada, todos ligados à surpresa do som, do gesto e da voz que queremos, que precisamos, completamente, de ouvir, durante o tempo em que o conto acontece...
Obrigada, Fontinha.
Hoje estive a ouvir contar histórias da tradição oral portuguesa. Aqui, na Biblioteca Escolar A Casa do Folhas.
Ouvir contar é sempre um privilégio. É participar de um tempo e um espaço de intemporalidade que vão ficando palpáveis, consistentes e animados de vida à medida que o contar acontece. É sentir a tradição viva e desafiadora, nas nossas vidas do "aqui" e do "agora". É perceber que as histórias nos falam e nos interpelam porque são contadas e quando as ouvimos, ah! como passam a fazer parte da nossa respiração, das nossas emoções e dos nossos afectos... somos "tocados".
É especial aquele tempinho de expectativa, em que se olha para aquela pessoa que esconde em si tesouros inesgotáveis, que será que vai contar? e que está, ali, simplesmente sentada à nossa frente, esperando que entrem todos os meninos e as meninas, que se acomodem... esperando pelo tempo certo para a história começar a acontecer para todos nós que ali estamos.
E depois já está, o som da voz já se abriu para nós, as palavras dançam, vivas, ocupando todo o ambiente, saídas da boca do contador, e também do olhar e dos braços e dos gestos e da voz, de novo e sempre a voz que nos preenche o ouvido e que constrói para nós um aconchego de enredos e de recontos da vida... e de repente no meio de nós vive a raposa faminta com os três filhotes para alimentar, e o canto do pequeno rouxinol, feito assobio, a voz transformou-se em assobio e, suave e transparente, ecoa por toda a biblioteca, é mesmo um passarito a cantar, mesmo que eu nunca tenha ouvido nenhum com ouvidos de ouvir...
E como é gostoso e poderoso o riso de todos nós, que se solta porque o homem quer que o burro carregado de cestos de sardinhas ande, e não percebe que de facto o burro, de início renitente em lhe obedecer, trota agora cada vez com mais vivacidade porque a raposa matreira vai lançando as sardinhas, às patadas, uma a uma, para fora do cesto: o burro, sentindo-se mais leve, avança no caminho, para gosto do dono, enquanto que as sardinhas vão sendo atiradas para trás, deixando o cesto vazio...
E o contador continua, e estamos todos irremediavelmente agarrados, desde os meninos de 3 anos até eu, de 53... Todos mergulhados na magia da história contada, todos ligados à surpresa do som, do gesto e da voz que queremos, que precisamos, completamente, de ouvir, durante o tempo em que o conto acontece...
Obrigada, Fontinha.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Vê se me vais dizendo de ti, preciso… tanto como contar-te de mim…
Estas palavras, dirigidas a alguém especial, são raízes de tanto, nesta aventura da comunicação!
São dádivas e apelos...
São pedidos e ofertas...
São trocas...
São esconder-se e revelar-se, no jogo mágico que jogamos desde sempre, pois dele dependemos para ir crescendo, desenvolvendo e maturando, nas nossas capacidades e potencialidades de seres multifacetados e eternamente incompletos...
São "saber de mim" e "saber de ti", "ir ao teu encontro" e "deixar que venhas ao meu" e fruir da comunicação que aprendemos a fazer e a aprimorar neste processo... E utilizar todas essas "ferramentas" como forma de ir encontrando o nosso cantinho no mundo, não para nos escondermos nele, sim para nos ancorarmos nele e daí voarmos ininterruptamente, à procura de novos encontros e maiores experiências de humanidade...
E as histórias, o lê-las, o contá-las e o vivê-las, envolvidos nelas com outros, são uma oportunidade de, cada vez que um conto acontece, nos re-fazermos por dentro e nos re-olharmos, também por fora e "no espelho" dos outros.
Que haja tempo para o tempo de uma história na vida de cada um de nós. Em cada dia. Porque esta é uma (pequena?) garantia de que continuaremos a ouvir-nos e a ouvir os outros...
São dádivas e apelos...
São pedidos e ofertas...
São trocas...
São esconder-se e revelar-se, no jogo mágico que jogamos desde sempre, pois dele dependemos para ir crescendo, desenvolvendo e maturando, nas nossas capacidades e potencialidades de seres multifacetados e eternamente incompletos...
São "saber de mim" e "saber de ti", "ir ao teu encontro" e "deixar que venhas ao meu" e fruir da comunicação que aprendemos a fazer e a aprimorar neste processo... E utilizar todas essas "ferramentas" como forma de ir encontrando o nosso cantinho no mundo, não para nos escondermos nele, sim para nos ancorarmos nele e daí voarmos ininterruptamente, à procura de novos encontros e maiores experiências de humanidade...
E as histórias, o lê-las, o contá-las e o vivê-las, envolvidos nelas com outros, são uma oportunidade de, cada vez que um conto acontece, nos re-fazermos por dentro e nos re-olharmos, também por fora e "no espelho" dos outros.
Que haja tempo para o tempo de uma história na vida de cada um de nós. Em cada dia. Porque esta é uma (pequena?) garantia de que continuaremos a ouvir-nos e a ouvir os outros...
domingo, 4 de outubro de 2009
Acordar no tapete...
Acordo e interiormente estendo o tapete.
Vem aí um novo dia, vem… ou está, aqui, entretecido no tapete, fazendo de mim viajante, as minhas energias agora acordadas (fingindo dormir, mas definitivamente acordadas), é assim que vou aprendendo o presente.
Vejo-me passeando nele, o meu tapete-dia, pequenina forma de gente numa imensidão de volumes, formas, cores e desafios. Sinto-me vagamente apreensiva, não sei como vai ser o passo a seguir. Mas a luz que invade o espaço onde acordo – será o quarto, os lençóis da cama ou a vastidão do tapete que se desenrola dentro de mim – inunda-me de urgência, e com ela dissolvo as incertezas, os medos, as angústias liquefazem-se no copo de água que bebo.
Faço, já fora da cama, os gestos de avançar no novo dia, sinto-me vertical e lutadora e mais uma vez reaprendo a confiar. E a cada manhã me (re)conto esta interminável história de acordar…
Normalmente recomendam histórias para o deitar… Mas como seria o meu acordar sem a história como companhia?
Vem aí um novo dia, vem… ou está, aqui, entretecido no tapete, fazendo de mim viajante, as minhas energias agora acordadas (fingindo dormir, mas definitivamente acordadas), é assim que vou aprendendo o presente.
Vejo-me passeando nele, o meu tapete-dia, pequenina forma de gente numa imensidão de volumes, formas, cores e desafios. Sinto-me vagamente apreensiva, não sei como vai ser o passo a seguir. Mas a luz que invade o espaço onde acordo – será o quarto, os lençóis da cama ou a vastidão do tapete que se desenrola dentro de mim – inunda-me de urgência, e com ela dissolvo as incertezas, os medos, as angústias liquefazem-se no copo de água que bebo.
Faço, já fora da cama, os gestos de avançar no novo dia, sinto-me vertical e lutadora e mais uma vez reaprendo a confiar. E a cada manhã me (re)conto esta interminável história de acordar…
Normalmente recomendam histórias para o deitar… Mas como seria o meu acordar sem a história como companhia?
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