quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Parece tão simples...


Quando se fala em biblioteca escolar, é inevitável pensar nos hábitos de leitura dos alunos.
Formar bons leitores significa encantar as crianças, enfeitiçá-las com o poder que vem dos livros.

Mas isso não se forja com obrigações, muito menos com trabalhos sistemáticos de compreensão de texto. (...) a leitura é sempre um meio, nunca um fim.

Por isso, na escola ela deve ter várias funções, pois é diferente
ler para se divertir,
ler para escrever,
ler para estudar,
ler para descobrir algo que deve ser feito etc.

(...) que o acervo da biblioteca seja variado,
que nos momentos de leitura livre o professor leia junto com a turma
e que os alunos também possam, em alguns momentos, escolher as próprias leituras
e levar os títulos para casa.
                                                                                                  

Parece tão evidente que nem vale a pena ser reforçado? Ou será que sim?
 
Quando equaciono o peso que damos, no quotidiano (e que permitimos que os nossos alunos possam experimentar pela nossa mediação), à "leitura-estudo-obrigação" face à "leitura-fruição", à "leitura-desafio", capaz de nos mobilizar todos, completamente, de algum forma mudando a pessoa que somos e fazendo-nos olhar a vida com outras sensibilidades... Penso que teríamos que rever algumas coisas e humildemente aceitar que muitas vezes não confiamos o suficiente nessa força da leitura como tal e acabamos por manchar de excessiva e sensaborona "não comunicação" (para não lhe chamar outras coisas porventura mais atrevidamente provocadoras...) os espaços de leitura que, cheios de boas intenções, criamos na escola para os nossos alunos... 
 
A pergunta (fundamental?) que me apetece pôr é: com esta atitude de preponderante "doutrinação" face a outras possíveis - que deveríamos constantemente perseguir, experimentar e partilhar - de colaboração, de cumplicidade, de envolvimento, estaremos a incentivar para a leitura ou a desmotivar para ela as nossas crianças e jovens?

Sem comentários: