quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ler...


Gregory Colbert

Gosto da experiência de ler em voz alta.

Parece que não sou só eu...

Ler...


Menina a ler - Sarah Afonso

O silêncio dos livros (1)

O murmúrio dos livros

A conversa dos livros

A magia de ler

O aconchego da leitura

O desassossego de ler

O perfume de um livro

E o cheiro?

E o toque...

Desejos de tempos para leitura, magias de abrir um livro, conversas com livros pelo meio... para que do ano de 2010 cada um diga, a cada dia que passar, que vale a pena ser lido, folheado, rascunhado, sublinhado... Todas aquelas coisas que cada um vive a sós com os seus livros e que ninguém tem nada a ver com isso...

(1) O silêncio dos livros (inspire-se por aqui...)

Era uma vez...


Retrato da Rainha Nebto, filha de Ramessés II (19.ª dinastia)



Uma princesa...

Ou uma couve mágica...

Ou uma estrela que só dava brilho de dia...

Ou...

Uma das componentes que desde muito cedo funciona como um aliciante convite à imaginação, empurrando-nos para a (a)ventura de experimentar palavras que saiam de nós, é sem dúvida a imagem - seja o apelo da imagem interior, seja o apelo que nasce do encontro estético com a forma e a cor, na viagem que fazemos, pela mão dos pintores, ilustradores, artistas plásticos em geral, no mundo sem fim da linguagem plástica.

Para além do contacto com as ilustrações através do livro para a infância, que felizmente, de dia para dia, diversifica as propostas e traz às crianças a maravilhosa possibilidade de ver pelos olhos de outrém e de interpretar pelos seus próprios olhos, penso que vale sempre a pena ampliar o contacto das crianças com a imagem. Um contacto e uma experiência que pode aprofundar-se pela tentativa de "entrar" pela imagem dentro e com ela fazer texto, inventar histórias, contar um apontamento, partilhar um ponto de vista...

Enfim, a produção artística pela imagem é um manancial inesgotável a que podemos recorrer e explorar, procurando outras e sempre mais outras linguagens plásticas, viajando por culturas, viajando no tempo e atravessando civilizações, no intuito de pôr as crianças o mais precocemente possível em comunicação de leitura com a imagem. E, por consequência, em comunicação consigo mesma e com os outros, enriquecendo e comunicando o seu imaginário.

A Internet também nos pode dar uma boa ajuda neste campo. Sites como este são uma maravilha...

domingo, 27 de dezembro de 2009


E o que eles dizem com os pés dá impressão de serem coisas aladas, cheias de sabedoria.
Carlos Drummond de Andrade
Ver o mundo de pernas para o ar.

Era uma frase irreverente, sem dúvida, mas ultimamente lera e ouvira frases como esta com uma frequência que as tornava quase banalidade. No entanto continuou atenta às palavras: para ver de pernas para o ar era mesmo preciso deixar voar os pés – deteve-se nesta consideração, invadida por uma súbita vontade de se descalçar, uma imagem de dança, movimento leve, solto, uma inxplicável alegria a crescer-lhe pela planta dos pés explodiu em gargalhada na boca.

Então percebeu: a primeira coisa alada que acontecia no mundo ao contrário era a repentina e espontânea possibilidade de se rir, completamente cheia de riso e por isso plenamente cheia da sabedoria do humor.

O resto do dia correu-lhe bem.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Encontro de Natal



Era dia de Natal, tinha o olhar pousado na página virtual e, no mesmo gesto (imaginava) do músico que se senta a dedilhar ao piano, que abraça o violão ou que aflora trinados na flauta, repousado na música, deixava os dedos deslizar no teclado, num toque que lhe oferecia uma sensação de confortável identidade («escrevo», sentia, «e enquanto o faço estou mais atentamente comigo»).

«É surpreendente», continuava a linha do pensamento, «este exercício de escrita que vai revelando quem escreve a si próprio», dizia-se, num murmúrio por dentro de si, como se do acto de escrever se desdobrasse um mapa de orientação, para lhe tornar o presente mais real e o futuro mais azul…

Descobria, surpresa, que a experiência da escrita nascera da expectativa de que também seria para ser lida, e ganhar por isso uma existência exterior... Para alcançar algo mais que lhe desse colorido aos dias, que ajudasse a dar consistência ao seu viver, que a fizesse plantar-se de pleno nas coisas, tangível, autêntica...

A sua escrita ganhara vida. Por entre os tempos, os espaços, os acontecimentos da sua vida, era um estranho ser vivo que naturalmente resguardava, queria-o “não público” porque desde o início dera-lhe uma direcção precisa: «é para ti».

«Ficas, por isso, na fronteira entre o secreto e o íntimo», indicava à sua escrita. «Vives aí, apenas a uma vírgula de distância do “diário”. És teia de palavras, manta de sentidos, estendida na imensidão do traço ou do espaço». E quedava-se em silêncio, à procura de se ouvir e de aprender como era tudo (o mundo?) para além de si.

Relia o que escrevera e continuava: «Estás quase a tocar a fórmula da (antiga?) “carta de amor” – contudo és tão longínqua da paixão, configurada numa outra moldura. Permites que me revele. Permites que me dê. Acima de tudo deixas que ofereça o que me faz ser quem sou e fazes com que essa oferta seja despojada. Abres o meu olhar.»

Fechava os olhos e sabia que aquela escrita valia por ser acontecimento de comunicação, urgência de romper a solidão para alcançar a proximidade com alguém que fizesse sentido. Apenas isso.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

"Eclosão"




Porque está por aqui, para quem o quiser desvendar, o Natal...

Porque, de alguma forma, é tempo de eclosão, de sair de dentro alguma tentativa de estrela que nos ilumine e perfume o caminho...

Partilho aqui (à laia de prenda) este passarinho novo, com desejos de que, a partir deste Natal e pelo novo ano adiante, voemos na vida com asas renovadas, mesmo que por vezes nos sintamos como se a dar o primeiro voo para fora do aconchego do ninho...

Feliz Natal!