Está em mim
um tempo de silêncio
em peso de montanha.
Solidão instalada.
Paira esta atmosfera pesada,
tórrida de opressão
como a cor crua do sol
na planura, à hora do calor.
Invade tudo,
toda a altura,
a largura
e a espessura dos dias.
Tudo o que na paisagem se alcança.
E eu também
ferozmente tisnada,
crestada,
em completa secura.
Experiência dura.
A solidão agarra-me,
carraça sugadora da cor dos dias.
Vivo um tempo
em que as palavras
não se abrem,
condensadas,
cada uma feita espessa bola de dor,
e espanto,
e interrogação sem par.
Foto: Henrique Santos
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