sexta-feira, 6 de novembro de 2009

«(…) porque o outro não é uma "obra minha"…»


Como é bom ler, clara e lucidamente escrito – e proactivamente explicado, pela Professora Isabel Batista – este alicerce de toda e qualquer postura educativa, pilar fundamental de reflexão para quem se apresenta (ou pretenda apresentar-se) como educador!

Ficou para mim tão claro que, à partida, ninguém que se diga e se posicione como educador o pode SER (e portanto EXERCER plenamente) se não tiver a coragem quotidiana de se apresentar a si próprio, ou seja, de aferir diária e recorrentemente para consigo mesmo – e, por consequência, em renovada, persistente e desassombrada partilha com os outros – a matriz da sua acção educativa neste referencial, assim enquadrado:

Mais que reconhecer-se imperfeito, assumir-se antes como alguém capaz de se aperfeiçoar, por isso, com a intrínseca possibilidade de melhorar sempre, e de, por isso, olhar os outros, alunos e interlocutores, como viajantes dessa mesma viagem de perfectibilidade na aprendizagem ao longo da vida;

O de considerar o pressuposto de que é – e por isso TODO O OUTRO com quem se cruza na vida também – indelevelmente educável, seja qual for a sua condição e os seus eventuais “condicionalismos” – por isso, constante e estruturalmente aprendente ao longo de todo o seu percurso de vida…

O de inequivocamente, aprender a aceitar o negativo da educabilidade, ou seja, citando Isabel Batista, garantir nas suas práticas e posicionamentos «o princípio de que a educabilidade não pode ser exercida influenciando o percurso do outro a qualquer custo, porque o outro não é uma "obra minha"».

Perante este convite a uma postura reflexiva e colaborativa, na perseguição de melhores formas de sermos educadores e co-construirmos os percursos educativos que nos cabe desenhar, pergunto-me porque é que cada vez menos encontramos e fazemos por construir na escola os espaços para fazer esta reflexão, esta partilha e esta co-construção… Estaremos realmente dispostos a persistente e aprofundadamente aprender, ou a descansadamente fazer o que é suposto que façamos para que a escola continue, paulatinamente, a formatar-nos para “fazer sem pensar”?


Concluo citando esta passagem de um dos blogues por onde gosto de esvoaçar, e cuja mensagem aconselho a ler na sua totalidade.

(…) independentemente do quadro legal, institucional, de crenças e valores profissionais, falar de ética e deontologia é também falar de mim, do EU e da minha relação com os outros e, sobretudo, predisponibilizar-me para a crítica, para a melhoria e para o crescimento individual.

1 comentário:

Moinho de Vento disse...

Este deveria ir para a @rcaComum", no fórum referido no post.
Grande síntese.
H