sábado, 12 de setembro de 2009

"Os livros são a minha forma de voar"


Esta frase não é minha, mas podia ser.

Ouvi-a hoje da minha interlocutora, fim da tarde, sentadas a bebericar café com leite, enquanto esperávamos que os respectivos filhos regressassem do passeio de grupo a Tomar.

Ouvi a frase e vi a cara, ouvi a voz, senti o olhar... era voo mesmo.

E senti-me feliz porque captei o momento, porque foi para mim que as palavras se soltaram, porque também eu apanhei a boleia daquele voo. E de repente, ali sentada, transportei-me à manhã de hoje, quando o vi, e lhe peguei e o li em oblíquo, e tive de trazer comigo aquele livro. Um fio atou os dois momentos e assim, ligou o meu dia. Ali, esticado, ao alcance do meu tacto, encontrei-lhe o sentido.

E percebo que chegou agora o momento de o apresentar, ao livro, o primeiro que me irá tirar os pés do chão, na aventura do voo, nesta vontade de voar em tapetes...
O livro que vai ser "atapetado", que me vai oferecer a história para desvendar, para que me inicie na tarefa de (re)construir - na trama do tecido, do mergulho nas cores e texturas e na viagem pelo movimento de tocar, mexer, manejar - a fidelidade ao texto, à mensagem e ao encanto do contar...

Chama-se: O dono de tudo. De Orlando Strecht-Ribeiro e António Almeida, com ilustrações de Nadine Mesquita, publicado por Livros Horizonte, 2006. Sinopse: Tudo se torna mais bonito quando se divide com os outros, quando é partilhado. Podemos ter coisas só nossas, está claro, mas outras...
A Natureza não é excepção. Tudo nela faz mais sentido quando está em harmonia, tudo se relaciona com tudo e todos, as coisas mais pequenas e as maiores. Contrariar este equlíbrio ou lutar para o desfazer serve apenas para desperdiçar energias e enfraquecer quem o tenta.
Por que será que o Homem levou tanto tempo para entender isto?

1 comentário:

xoco esperto disse...

Cara Maria João Ribeiro,
Fiquei verdadeiramente sensibilizada pela forma como foi a sua alma tocada. Quando o livro foi concebido, foi a "voar" que o ilustrei.
Obrigada por o manifestar.
Um forte abraço,
Nadine Mesquita